O Papel do Conselho Municipal do Idoso de Pelotas.
A sociedade brasileira envelhece rapidamente, somos 21 milhões de idosos e a cada dia, mais idosos são incorporados à nossa população, se caracterizando como uma parcela significativa de cidadãos que querem um envelhecimento ativo, pleno no exercício de sua cidadania. Na próxima década, o Brasil será o quinto país com a maior população de idosos do mundo. Será que estamos preparados para isso?
Com certeza nem a família, nem a sociedade está preparada para lidar com este “novo velho”, muito menos com as fragilidades impostas ao idoso dependente. Negamos a velhice, não queremos falar sobre envelhecimento, temos medo de envelhecer, até porque os mitos e preconceitos impostos à velhice mostram essa etapa da vida como sinônimo de doença e comprometimentos.
O Brasil hoje, é um país grisalho, que tem como atores principais, não somente jovens, mas também pessoas maduras, que vieram somar neste cenário social, com suas histórias e experiências de vida. Em todos os espaços sociais a visibilidade da proporção de idosos já é notada, abrindo espaços para os idosos ocuparem seu lugar na construção de uma sociedade mais justa, onde todos, independente da idade que tenham, possam não somente viverem mais, mas viverem bem.
E o idoso, tem consciência da importância de sua participação enquanto cidadão nesta sociedade? Está lutando para que ela seja um lugar que garanta seus direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao lazer, ao esporte, ao trabalho, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária? Será que eles são protagonistas sociais ou meros personagens secundários, necessitados de cuidados e assistência?
O Estatuto do Idoso, fruto da construção coletiva e reconhecido como a maior conquista da sociedade brasileira, ainda é ignorado pela sociedade, até mesmo pelas pessoas idosas que desconhecem seus direitos.
Diante deste contexto, qual o papel do Conselho Municipal do Idoso? Sabe-se que na lei, o idoso deve gozar de políticas específicas e prioritárias e que, o Conselho tem por visão estratégica ser referência na promoção, defesa e garantia desses direitos apontados no Estatuto do Idoso.
Mas para cumprir seu papel, o Conselho precisa estar articulado com todas as políticas que atendam idosos, afinal somos o fórum máximo de debate da Política Municipal do Idoso e, responsáveis no encaminhamento das deliberações das Conferências aos respectivos executores. Precisamos dialogar com os gestores e a sociedade sobre as questões que afetam o envelhecimento, assim como, capacitar conselheiros e gestores sobre os direitos dos idosos e a democracia participativa .
Os Conselhos de direitos, como é o caso do Conselho Municipal do Idoso, constituem-se como espaços de reivindicações e de políticas voltadas para o envelhecimento, aonde o idoso pode desempenhar novos papéis, participando ativamente da luta e defesa de seus próprios interesses, protagonizando diferentes formas de envelhecer.
Assim, a participação dos idosos é de fundamental importância para que os conselhos não se tornem apenas mais um órgão burocrático mas, um espaço de participação e articulação das próprias pessoas idosas que, unindo forças defenderão e efetivarão seus direitos.
Não reconhecer o envelhecimento da população brasileira é assumir riscos e arcar com as conseqüências drásticas de não saber lidar com as especificidades desta clientela idosa. Uma pergunta que não quer calar: Será que o envelhecimento está sendo debatido nas escolas? E os futuros profissionais, acadêmicos de diferentes áreas, estão tendo a oportunidade de aprender a lidar com uma população cada vez mais envelhecida ?
A atual gestão do Conselho Municipal do Idoso de Pelotas (2011/2013), assume o compromisso de juntos, conselho e idosos, lutar por políticas públicas intersetoriais em favor de um envelhecimento mais digno, afinal, o envelhecimento afetará todos nós, mais cedo ou mais tarde.
Esperamos por vocês, idosos pelotenses. Venham participar desse espaço democrático para o exercício de cidadania, de protagonismo e de participação social, pois o controle social só será efetivo por meio de sua participação nos conselhos, pois só assim, poderemos começar a construir novas formas de protagonismo, aonde os idosos atuem como atores principais no cenário político.
Esperamos que a Terceira Idade mostre sua cara, não somente em bailes e passeios, mas levante suas bandeiras e se apodere de seus direitos. Nós do Conselho Municipal do Idoso de Pelotas, estamos prontos para colaborar, dialogar e lutar, não apenas para a proteção e restauração de direitos não respeitados, mas para à promoção do envelhecimento bem sucedido ao longo de todo o ciclo de vida.
Sulanita Caldeira de Arruda
Presidente do Conselho Municipal do Idoso
Gestão 2011/2013
O artigo acima foi publicado no:
Diário da Manhã- Pelotas- RS
Data:2012.03.23-página 04- sexta-feira